quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

Decisões

"Decidir: determinar; resolver; deliberar; emitir juízo; sentenciar; dar a preferência".

Esta foi a definição mais curta que encontrei nos dicionários aqui de casa. Havia maiores mas não vale a pena, porque quanto mais palavras, mais sinto o peso das decisões que tomei hoje, ou não. Na realidade a minha consciência diz-me que isto da quantidade de palavras é apenas um artíficio para me convencer a mim própria que as decisões que tomei hoje, não são tão importantes assim...
Isto de ser adulto e não ter ninguém a decidir por nós custa, e custa mais ainda quando não temos a certeza de ter tomado a decisão certa.
Utilizando uma das palavras da definição, sentenciamos caminhos e utilizando outra, determinamos experiências e ao dar a preferência a umas, eliminamos outras. Recusamos hipóteses, recusamos pessoas que não chegámos sequer a conhecer, recusamos outra vida. E pior, não podemos ficar a pensar nisso, senão não conseguimos percorrer o caminho escolhido. Escolhido com o nosso livre arbítrio e com a nossa racionalidade, às vezes com a nossa intuição. Se pensamos muito, a vida passa e não a sentimos, porque estamos a resolver o passado que não chegou a ser presente e o futuro que nunca vai ser passado. E a vida não se compadece com tanto tempo para reflexões, porque passa sem olhar a quem.

Hoje escolhi o caminho menos iluminado, escolhi o caminho com mais incertezas, escolhi o caminho com mais curvas. Escolhi com a minha intuição, escolhi com o meu instinto.
Escolhi com os meus sonhos. E faz sentido questionar-me se escolhi com os meus sonhos?

6 comentários:

Anónimo disse...

É a maneira de decidir mais corajosa, não te arrependas.
É por estas e por outras que me orgulho de seres minha amiga desde que éramos umas miúdas de 18 anos...
Sónia

Anónimo disse...

No final, quando te perguntarem como foi, espero que a resposta seja "Valeu a pena"...

Sempre que posso, dou uma vista de olhos pelo teu blog e quero felicitar-te pela simplicidade e graciosidade de como escreves!!

um abraço da Rita (Sines)

Rosa disse...

Ser crescido sucks!

Artur Lopes disse...

Escrever alimenta a "alma".... Gostei deste cantinho! Parabens (Y)

Artur Lopes disse...

Escrever faz bem a "alma"... Gostei deste cantinho! Parabens (Y)

Josuué disse...

Conheci o teu blog há um par de meses (e a ti, um bocadinho pequenino, através dele, passe a presunção!), na sequência de um comentário teu à "Meglio Gioventú"... e continuei a vir cá...
Não sei bem porquê! Porque tem pinta, sim! Mas há tantos blogs com pinta, que não acompanho!
Acho que é, essencialmente, por respirar vida, assim como uma força indomável que brota de dentro!
Acho que é mais ou menos isto que me faz lembrar "O mundo da Rita":

Morre lentamente quem não viaja,
quem não lê, quem não ouve música,
quem destrói o seu amor próprio,
quem não se deixa ajudar.

Morre lentamente quem se transforma escravo do hábito,
repetindo todos os dias o mesmo trajecto,
quem não muda as marcas no supermercado,
não arrisca vestir uma cor nova,
não conversa com quem não conhece.

Morre lentamente quem evita uma paixão,
quem prefere o "preto no branco" e os "pontos nos is"
a um turbilhão de emoções indomáveis,
justamente as que resgatam brilho nos olhos,
sorrisos e soluços, coração aos tropeços, sentimentos.

Morre lentamente quem não vira a mesa
quando está infeliz no trabalho,
quem não arrisca o certo pelo incerto atrás de um sonho,
quem não se permite, uma vez na vida, fugir dos conselhos sensatos.

Morre lentamente quem passa os dias queixando-se da má sorte
ou da chuva incessante,
desistindo de um projecto antes de iniciá-lo,
não perguntando sobre um assunto que desconhece,
não respondendo quando lhe indagam o que sabe.

Evitemos a morte em doses suaves,
recordando sempre que estar vivo
exige um esforço muito maior
do que o simples acto de respirar.

Estejamos vivos, então!

Pablo Neruda